Após todas as rodadas, Vinicius Grissi e Felipe Scheid comentam o futebol mineiro e acirram a maior rivalidade do estado, em duelos que nunca tem vencedor. Porque como dizia o profeta, "clássico é clássico, e vice-versa".
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7.7.06

Reformulação urgente

Vergonha. Pra nós, torcedores. O Brasil sai da copa, mas as estrelas não saem da mídia. Os pronunciamentos demoram a acontecer, mas os fatos “curiosos” não. Tem gente fechando boate na noite seguinte, gente que faz compra, gente que continua não fazendo nada. Nada contra, afinal a fortuna deve ser aproveitada mesmo. Mas cadê o futebol que deu a eles todo esse dinheiro? O que se viu, na copa, foi uma equipe que, infelizmente, entrou com a sensação de que poderia resolver quando quisesse. E essa arrogância, como sempre acontece, foi castigada. A equipe se demonstrou apática, fria, sem alma. Foi o que faltou na hora da decisão. Alma. Foi o que sobrou em Portugal. Na equipe, no povo, em campo. Retratos do treinador, em ambos os casos. Parreira, um pragmático – e não é a primeira vez que ele é chamado assim por aqui, Na Cara do Gol – não tem a capacidade de motivação que um líder deve ter. É claro que vestir a camisa amarelinha e jogar uma copa deve ser a maior força propulsora para qualquer um “jogar bonito”. Mas do banco de reservas deve estar o espelho da equipe. Aliás, é lá que ele está mesmo. Ver Parreira de braços cruzados, mão no queixo, pensativo, sem orientar a equipe nos causa desespero. É essa a palavra. Alguém deveria falar algo, fazer algo. E esse alguém é ele. Que não fez. Aos poucos percebemos que o grupo não estava unido como deveria para vencer a copa. Um exemplo é Zé Roberto: um dos poucos “sobreviventes” deixa no ar a insatisfação com a displicência de companheiros sem citar nomes, o que nem precisava. Que o diga Roberto Carlos, o caso mais marcante, mas que não se escolha um ou dois para crucificar.
O maior exemplo de união, aplicação e obediência tática até aqui é a equipe francesa. Uma verdadeira orquestra, com um grande maestro e ótimos músicos, que tocam harmoniosamente e, se desafinaram, o fizeram quando podia: na primeira fase. Depois disso, a equipe corrigiu erros, teve humildade e chegou mais longe do que se esperava. Agora enfrenta a Itália, seleção tradicional, que vem em busca do tetra e que também chegou desacreditada no mundial devido a problemas ocorridos no campeonato nacional da “velha bota”. Os italianos têm um time de qualidade individual, e que se superou com garra e aplicação características da Azzurra. O jogo promete, assim como a disputa pelo terceiro lugar entre a já citada equipe portuguesa, de Felipão, e a anfitriã Alemanha, que entre os quatros melhores tem o time mais limitado, porém não menos guerreiro.
É assistir de longe, sentado, sem grandes emoções a mais uma grande final de copa do mundo. E começar, desde já, o planejamento para uma reformulação total da seleção, com a saída de jogadores que até a próxima copa se aposentarão. É passada a hora de dar espaço a quem realmente demonstra futebol. Para isso, a troca de comando deve ocorrer, e o nome mais indicado é o de Luxemburgo. Assim como qualquer outro tem seus defeitos, mas sabe montar equipes com o que tem de melhor para buscar os seus objetivos. E ainda por cima é um ótimo gestor de talentos. Com ele o estrelismo e a acomodação não têm lugar.

Felipe Scheid

Um comentário:

Anônimo disse...

É como diz um amigo meu: "Camarão que dorme a onda leva".

E tenho dito.