Testemunha ocular

O Galo demonstrou força e seriedade na busca pela volta à série A. Naquele que foi um dos últimos jogos decisivos para o futuro do time, o Paysandu não foi adversário à altura e pouco pôde fazer para resistir. Impondo seu futebol desde o início, o Atlético só era parado com faltas, resultando nos 7 amarelos e um vermelho dos paraenses, considerando que o árbitro, de péssima qualidade, ainda pegou leve, quando poderia ter expulsado pelo menos 3 pelas faltas cometidas quando já advertidos.

Errou também quando não marcou pênalti para o Paysandu ainda no primeiro tempo, o que não mudaria a realidade do jogo. Éder Luis entrou apresentando futebol surpreendente, com jogadas pelos lados, muita objetividade e categoria. Marcinho converteu duas penalidades e foi muito importante no desenho tático da equipe. Já foi criticado duramente por mim, e hoje devo admitir que com a posição encontrada por Levir o meia tem sido fundamental na equipe. Não é a salvação nem o camisa 10 para o ano que vem, mas o jogador tem correspondido ao que se espera dele.

Diante de 45.973 pagantes, o alvinegro deu mais um grande passo de volta pra casa, e nesta terça deve sacramentar matematicamente esse retorno. O clube com torcida de verdade tem presença e apoio sempre que precisa, e momentos adversos servem para observar isso. Na série B, em crise, a massa já ultrapassou nesse ano os 500.000 pagantes, com a maior média de público do país. Torcendo para o Galo e se orgulhando de participar efetivamente de glórias e tropeços, a torcida não abandona o clube, simplesmente por ser o Galo. O atleticano não torce pra torcida, o atleticano é torcedor incondicional

Domingo à tarde, dia pacato, cidade pacata, e eu surpreendo até a mim mesmo. Fui ao Mineirão ver de perto o jogo entre Vasco e Cruzeiro. Até a última informação divulgada, foram pouco mais de 21.000 ingressos da promoção do chocolate e aproximadamente 2.000 vendidos no próprio estádio. Na disputa pela vaga na Libertadores, o time carioca é adversário direto, continua acima da tabela, mas a aproximação com a vitória por 2x1 reacende a esperança dos mais otimistas.

O jogo foi fraco tecnicamente, o goleiro Fábio não teve trabalho, sendo pouco exigido e Francismar, que já tinha um pé fora do clube, colocou o outro e espera o fim do ano para se despedir. Impressionante como errou de forma cômica em alguns lances, tropeçando, errando em força e profundidade nos lançamentos, muito diferente do que se esperava de uma das últimas grandes promessas saídas do América. Ferreira é lento e erra muitos passes, cortando contra-ataques.

Fábio santos foi o melhor em campo, não perdendo jogadas, tomando bolas, lançando e trocando passes com eficiência. A entrada de Kerlon foi positiva, com boas jogadas e movimentação mais complicada para a marcação vascaína. Diego surpreendeu jogando bem, marcando inclusive o segundo gol contando com a falha do goleiro cruzmaltino, mais uma tentativa frustrada da era pós Carlos Germano na procura do Vasco por um arqueiro de primeira linha.

Assim como a presença, a atuação da torcida não foi a esperada, muito parada e apreensiva inclusive após o gol. Normal pelo abatimento, mas com a vantagem de 2x1 e o Vasco com a posse de bola em busca do empate, esperava-se uma atuação diferente, com incentivo vindo das arquibancadas. Fui para ver e dar um testemunho mais justo, obviamente carregado pelas minhas opiniões já formadas há muito tempo. Pode ter sido um caso atípico, e exatamente no dia em que estive presente, não vi onde fica a famosa “fanaticruz”, nem ao menos ouvi a torcida escalar o time antes da partida, ovacionando apenas o número 1 Fábio.

Felipe Scheid