Dados confirmados

Como já era de se esperar, a última pesquisa Datafolha, divulgada ontem, revelou para Minas o que a maioria (literalmente) sempre soube, e a minoria sempre tapou os olhos para fingir não ver. O crescimento da torcida do Cruzeiro continua, apesar dos últimos três anos de vacas magras, enquanto a torcida de Vespasiano vai desaparecendo, por mais que a imprensa, ainda torcedora deste time, insista em tentar provar o contrário.

Na capital, a torcida cruzeirense ultrapassou a "rival", apesar do empate técnico. Até as últimas pesquisas, os torcedores segundinos gabavam-se de ter a maior torcida em BH e entornos o que já não existe mais. Já no interior do estado, a diferença é ainda mais esmagadora (será que Vespasiano foi considerada capital ou interior?): a torcida emplumada foi ultrapassada no estado pela torcida do seu segundo maior rival histórico, o carioca Flamengo. Os torcedores alvi-negros representam apenas 8% dos torcedores do interior do estado, o que mostra um desaparecimento da classe galinácea em Minas, assim como no Brasil.

É claro que a pesquisa vai ser pouco divulgada pela imprensa fanática, e contestada pela maioria dos torcedores na rua. O tal de "torcida é a que vai no estádio", não é argumento para uma pesquisa desse tamanho, onde nem todos os torcedores podem comparecer aos jogos, mas todas as pessoas tem o direito de torcer por um time, independentemente. Anteriormente a pesquisa, eu já havia selecionado um texto para postar no blog hoje, e a pesquisa simplesmente veio para completá-lo com perfeição. Peço licença mais uma vez ao amigo Jorge Santana, que desferiu essas palavras, que ilustram o atual momento do clube, e do desaparecimento da torcida segundina: "Conheço poucos atleticanos torcedores de um clube só. Roberto Drummond era, acima de tudo, botafoguense. Como Emanuel Carneiro, Marco Antônio Bruck e Regis Souto, radialistas muito conhecidos em Belo Horizonte. E há mais: Willy Gonser é gremista, Milton Naves, santista, Ricardo Teixeira, flamenguista, Dudu, sãopaulino etc. (...)

Assim, não surpreende que os cartolas emplumados prestigiem mais torcedores importados do que os nativos. Como já havia acontecido nos Anos 60 com o botafoguense Carlos Imperial. Ou, mais recentemente, com o santista Neves e a botafoguense Beth.

Lamentável é a tremenda injustiça que cometem com uma exceção à regra, um atleticano puro-sangue, o animador cultural Tutti Maravilha. Símbolo da torcida atleticana, ele continua sem receber homenagens de seu clube. Definitivamente, não é justo." (retirado do blog do Jorge Santana em 25 de novembro de 2006).

O que seria então, o torcedor?

Vinicius Grissi